Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Ontem dei comigo a pensar que a minha mãe é efectivamente boa pessoa. Até aqui não seria novidade, até porque calculo que a maioria dos filhos tenha este sentimento relativamente aos seus pais. O que me admirou foi, que depois de sermos mães, esse passa a ser um dos sentimentos que mais queremos que os nossos filhos tenham para connosco - o orgulho. Aquele sentir que aquela pessoa é única, que o mundo é melhor porque ela existe nele.
A minha mãe trabalha com crianças com paralisia cerebral. (Talvez por isso, devido aos inúmeros casos complicados que tenho conhecimento, a minha gravidez tenha sido tão difícil.) Mas não é somente um trabalho, é o que ela gosta de fazer - ajudar quem infelizmente não possui todas as capacidades físicas ou mentais que nós.
Quando falo com ela ao telefone diz-me: 'o A. D. quer falar contigo, quer saber como está a Leti' e passa-lhe o telefone. Eu praticamente não percebo nada do que diz, mas tento falar com ele. E depois diz-me ela: 'viste, ele disse que queria ir aí tratar da Leti. É tão amigo!'. A forma como ela tenta percebe-los, mesmo que muitos só falem por gestos, é comovente. Porque eles, claro, ficam tristes quando alguém não os consegue entender. E acho que ela fica tão contente quanto eles quando consegue descortinar algo mais complicado que eles estavam a tentar dizer.
Para mim, falar com ela é como ir ao psicólogo gratuitamente. Apesar de tudo o que de complicado já passou, tem sempre palavras justas e um sorriso fácil.
Espero sinceramente que um dia a minha filha tenha, pelo menos, metade do orgulho que tenho pela minha mãe.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.